Taças feitas de crânios são
encontradas em caverna na Inglaterra
Os três
crânios humanos, dois de adultos e um de uma criança, tiveram a pele
cuidadosamente retirada e foram limpos com ferramentas de pedra. O tecido macio
foi removido e provavelmente consumido, deixando uma taça bem moldada, talvez
para uso em algum tipo de ritual. Essa não é a cena de um filme de terror. Paleoantropólogos
britânicos relatam a descoberta dessas taças de caveira na edição atual da
revista "PLoS One". As taças de 14,7 mil anos foram encontradas na
Caverna de Gough, em Somerset, Inglaterra, e são as peças mais antigas desse
tipo já encontradas, segundo análises de radiocarbono. "Isso mostra exatamente
o grau de habilidade dessas pessoas em moldar o crânio, e também o fato de tudo
ser um ritual bastante complexo", disse Silvia Bello, paleontóloga do
Museu de História Natural de Londres e principal autora do estudo. Registros
históricos já haviam revelado que outras sociedades humanas, como os Citas, uma
comunidade indo-europeia de guerreiros nômades, usavam taças de caveiras para
beber o sangue dos inimigos. E até o século 19, essas taças eram supostamente
usadas em Fiji e outras ilhas da Oceania. Porém, evidências arqueológicas de
taças de caveiras são raras. Os espécimes mais antigos remetem ao período
Paleolítico Superior na Europa Oriental, de 12 a 15 mil anos atrás, embora
nenhum desses artefatos tenha sido diretamente datado. "Mas o que vemos
aqui na Caverna de Gough é muito diferente dos outros casos, onde talvez eles
tenham matado o inimigo e guardado o crânio como troféu", disse Bello. "Isto
parece mais como um ritual, talvez um funeral". Um conjunto das taças de
caveira estará em exibição no Museu de História Natural de Londres durante três
meses, a partir de 1º de março.